Por Nilson Pereira.
Refleti bastante sobre um adjetivo que descrevesse de forma sucinta a atual conjectura da humanidade, porém, não encontrei um termo melhor do que ''estranho''.
Vivemos tempos estranhos, nós cristãos descrevemos como os últimos dias, os ateus dizem que se trata de uma fase de fortíssima transição, islâmicos dizem que se trata do auge da imoralidade ocidental, enfim, todos os segmentos humanos são unânimes em dizer que vivemos no século XXI tempos de conturbações, contradições, crise gravíssima de referências de lideranças mundial. Tempos estranhos, talvez o mais estranho de toda a História humana.
Como estudante de História, é ofício meu o hábito saudável de olhar para o passado. Passado que nos proporciona como cristãos analisar a vida de homens icônicos que o Altíssimo escolheu para abençoar todas as gerações humanas ao redor da História deste planeta.
Este blog possui textos homenageando John Stott e indiretamente o Apóstolo Paulo, João Calvino e Martinho Lutero, o professor Ausgustus Nicodemus Lopes e ainda quero escrever sobre o gênio cristão C. S. Lewis, sobre o exortador Paul Washer, dentre outros, homens que o meu Deus usou para formar o que sou hoje como filho Dele, porém, com exceção de Cristo Jesus, meu Deus, meu único ídolo, e razão da minha vida, nenhum homem me inspira mais do que Charles Haddon Spurgeon. Não é atoa que duas das imagens fixas deste blog são frases de Spurgeon.
Há anos atrás, li um livro chamado ''Heróis da Fé'', de Orlando Boyer, e de todas as geniais, marcantes, e inspiradoras no maior grau da palavra, histórias, a de Charles Spurgeon foi a que mais inflamou meu coração. Desde os seus dons, rigorosamente os mesmos que o Senhor me agraciou de possuir, até seu relacionamento com sua esposa, passando pelo seu devocional, e sua ascendência ibérica, Spurgeon é certamente a maior referência de intelectualidade cristã que me falta por ser um homem temente a Deus vivendo no século XXI, afinal, qual homem teve o privilégio de receber do Senhor e de Seus filhos o título master de ''príncipe dos pregadores''?
Charles Spurgeon é um homem que viveu totalmente no século XIX, século extremamente conturbado na História humana, alguns historiadores são dinâmicos ao declarar que o século oitocentista foi o de maiores mudanças na humanidade, mudanças em todos os pólos humanos, mentalidades, economia, política, social, religiosa. Século do surgimento de seitas e heresias constantemente, do crescimento da apostasia e do ateísmo. Se há um século semelhante ao panorama do atual, certamente é o XIX. Considerado o ''último dos puritanos', alguns mais radicais o chamam de último grande mestre cristão.
(mais informações leia: http://nopphistoriador.blogspot.com.br/2012/10/o-seculo-xix-e-suas-transformacoes.html)
Um homem especial demais, que certamente será um dos primeiros que farei de tudo para dar um forte abraço no grande dia do Senhor.
Abaixo postarei uma breve síntese da vida de Charles Spurgeon, sua obra, e sua contribuição para a doutrina cristã. Deus nos abençoe, e que marque a vida dos irmãos de hoje em dia os ensinamentos destes mestres geniais que professaram a mesma fé que nós.
Charles Haddon Spurgeon:
Comumente referido como C. H.
Spurgeon (Kelvedon, Essex, 19 de junho de 1834 — Menton, 31 de
janeiro de 1892), foi um pregador batista
reformado britânico.
Converteu-se ao cristianismo em
6 de janeiro de 1850,
aos quinze anos de idade. Aos dezesseis, pregou seu primeiro sermão; no ano
seguinte tornou-sepastor de
uma igreja batista em Waterbeach, Condado de Cambridgeshire (Inglaterra).
Em 1854, Spurgeon, então com vinte anos, foi chamado para ser pastor na capela
de New Park Street, Londres, que mais tarde viria a chamar-se Tabernáculo
Metropolitano, transferindo-se para novo prédio.
Desde o início do ministério, seu talento para a exposição
dos textos bíblicos foi considerado extraordinário. E sua excelência
na pregação nas Escrituras Bíblicas lhe deram o título de O Príncipe
dos Pregadores e O Último dos Puritanos.
Histórico:
A família de Spurgeon, escapando da perseguição contra os
protestantes perpetrada por Filipe II,
fugiu da Holanda para Inglaterra, por volta de 1570, estabelecendo na região de
East Anglia. No século XVII, os Spurgeons sofreram dura perseguição
incitada por Carlos II contra os não-conformistas (dissidentes da
Igreja Anglicana que não aceitaram o Ato de Uniformidade de 1662). Anos mais
tarde, os Spurgeons estabeleceram em Stambourne.
Charles Haddon Spurgeon nasceu em 19 de Junho de 1834, como
o primogênito de 16 irmãos, de John Spurgeon e sua esposa Eliza Jarvis, em
Keveldon, e foi batizado em 3 de agosto desse ano por seu avô, pastor
congregacional, James Spurgeon. Recebeu o nome de 'Charles' de um tio de sua
mãe. 'Haddon', devido a um antigo amigo da família de Spurgeon que os ajudou em
hora de necessidade. Em agosto de 1835, seus pais mudaram para Colchester,e
entregaram Charles aos cuidados de seu avô, com quem viveu até os 5 anos.
Durante esse tempo, leu muitos livros, entre eles The Piligrems Progress,(em
português "O Peregrino") de John Bunyan,
obra que marcaria o resto de sua vida. Também leu, da biblioteca de sua avó,
muitas obras de Puritanos, como Richard
Baxter e John Owen. Aos seis anos, voltou a morar com os pais, já
devidamente instalados em Colchester.
Aos 10 anos, um pastor chamado Richar Knill impressionou
muito ao jovem Charles ao declarar que "esse menino pregaria o
Evangelho a grandes multidões". Esse fato marcou profundamente a mente da
jovem criança. Spurgeon cursou seus estudos em Colchester até 1848, indo depois
a Newmarket para estudar numa escola localizada na área de Cambridgeshire.
Conversão:
De 1848 a 1850, Charles Spurgeon teve um período de muitas
dúvidas e amarguras. Esteve sob grande convicção de pecado. Ficou convicto que
não era um cristão de fato, mesmo sendo criado em todo o ambiente religioso de
sua família e região, e sobre forte influência puritana e não-conformista. Em
janeiro de 1850, tendo como objetivo ir a uma reunião matutina em uma igreja
congregacional em Colchester, para buscar paz em sua perturbada alma, se deteve
numa capela de metodistas primitivos em Artilley Stree, mais em consequência da
forte nevasca que por vontade própria. Nessa capela, o jovem juntou-se a
pequena congregação quando, sem pregador para ministrar a Palavra, um simples
ministro intinerante chamado Robert Eaglen, em missão pela região de Colchester
entre 1850-1851 [1],
nesse dia, subiu ao púlpito, mesmo sem grande habilidade de orador, e repetiu
nervosa e constantemente o texto de Isaías 45.22a: ''Olhai
para mim e sereis salvos, vós todos os termos da terra.'' Depois de certo
tempo, apelou aos presentes que olhassem para Jesus Cristo. Spurgeon olhou para
Jesus com fé e arrependimento, tendo Ele como seu Salvador e substituto, e foi
salvo.
Primeiros anos:
Após a conversão, Spurgeon voltou das férias em Colchester
para Newmarket. Foi batizado pelo pastor batista da Igreja de Islehan,
W.W.Cantolw, no rio Lark , em 3 de maio de 1850, e foi aceito na congregação
batista de Newmarket. Depois, Spurgeon começou a distribuir folhetos nas ruas e
a ensinar a Bíblia na escola
dominical para crianças. Em agosto, mudou-se para Cambridge. Trabalhou
na escola dominical também. Nesse mesmo ano, pregou seu primeiro sermão em
Teversham. Em outubro de 1851, foi convidado a pregar na Igreja Batista de
Waterbeach, ao norte de Cambridge. A congregação, cresceu rapidamente. Em
Janeiro de 1852, Spurgeon aceitou o pastorado efetivo dessa Capela. A fama de
Spurgeon logo cresceu na região, como um potente pregador.
Spurgeon pensou em cursar um seminário em 1852, mas desistiu
da ideia. Em novembro de 1853, Spurgeon falou na União das Escolas Dominicais
de Cambridge. George Gould, diácono em Essex, o ouviu, e contou sobre o jovem
pregador a Thomas Olney, diácono-chefe da Capela de New Park Street, que o
convidou a pregar nessa Igreja em dezembro de 1853. Em 1854, os mebros de New
Park Street, sem pastor efetivo desde 1853, convidaram de novo o jovem a
pregar, e nessa ocasião, convidaram-lhe para ser testado por seis meses para
assumir o pastorado vago da Igreja. Porem, em Abril de 1854,só 2 meses depois,
foi eleito pastor e confirmado no cargo, o qual preencheu efetivamente até
1891.
New Park Street:
Localizada em uma área metropolitana, a Capela Batista da
Rua de New Park, (New Park Street Chapel) em Southwak, outrora fora uma das
maiores igrejas da Inglaterra. No entanto, naquele momento, o edifício, com
1.200 lugares, contava com uma platéia de 232 pessoas.
No início, eu pregava somente a um punhado de ouvintes.
Contudo, não me esqueço da insistência das suas orações. Às vezes, parecia que
eles rogavam até verem a presença de Jesus ali para abençoá-los. Assim desceu a
bênção, a casa começou a se encher de ouvintes e foram salvas dezenas de almas,
lembrou Spurgeon alguns anos depois.
Spurgeon logo causou muita agitação em Londres; alguns o
criticavam pelo seu estilo de pregação (teatral demais para alguns; 'caipira' e
vulgar para outros). Spurgeon era posto em dúvida até mesmo por seus colegas
batistas. Alguns chegaram a publicar em jornais sobre suas dúvidas da real
conversão do jovem Spurgeon. Mesmo com toda a oposição, a antes vazia e
reduzida congregação atraiu a atenção de tantos, que em certos periódicos
chegou-se a citar que"desde os tempos de George
Whitefield e John Wesley, Londres não era tão agitada por um
reavivador." Diversas caricaturas foram publicadas, algumas o
elogiando, e outras debochando de sua pregação.
Depois de 1861, o prédio da congregação em New Park Street
foi ocasionalmente usado para comportar os primeiros alunos do "Colégio do
Pastor". Em 1866, a Capela foi fechada e vendida, e posteriormente,
demolida.
Tabernáculo
Metropolitano:
Nos anos que se seguiram, o templo, antes vazio, não
suportava a audiência, que chegou a dez mil pessoas, somado a assistência de
todos os cultos da semana. O número de pessoas era tão grande que as ruas
próximas à igreja se tomaram intransitáveis. Tentou-se ampliar a Capela de New Park Street,
em 1858, mas logo viu-se a necessidade de um local ainda maior. Portanto, foi
construído o grandeTabernáculo Metropolitano,em Newington, com
capacidade para 12 mil ouvintes, e aberto em 25 de março de 1861. Mesmo assim,
de três em três meses, Spurgeon pedia às pessoas, que tivessem assistido aos
cultos naquele período, que se ausentassem a fim de que outros pudessem estar
no templo para conhecer a Palavra.
No começo de seu ministério, Spurgeon, um ardoroso calvinista desde
o inicio de sua conversão, teve que se defender da acusação de ser mais
pendente ao arminianismo do que os demais batistas particulares
(deve-se notar que um dos predecessores de Spurgeon no pastorado de New Park
Street foi o pastor e
teólogo John
Gill, que em muitas ocasiões era um ferrenho hipercalvinistas). Em diversas
ocasiões Spurgeon pregou sermões que provavam que seus acusadores estavam
equivocados.
Com o passar do tempo,
Charles Haddon Spurgeon se tornou uma celebridade mundial. Recebia convites
para pregar em outras cidades da Inglaterra, bem como em outros países como França, Escócia, Irlanda, País
de Gales, Holanda e Estados
Unidos (foi convidado a pregar em Nova York,
e em diversas outras oportunidades na América, mas sempre recusou os convites).
Spurgeon pregava não só em reuniões ao ar livre, mas também nos maiores
edifícios de 8 a 12 vezes por semana.
Segundo uma de suas biografias, o maior auditório em que
pregou continha, exatamente, 23.654 pessoas: este imenso público lotou o The Crystal Palace, de Londres, no dia 7 de
outubro de 1857,
para ouvi-lo pregar por mais de duas horas.
Casou-se em 20 de setembro de 1856 com Susannah Thompson e teve
dois filhos, os gêmeos não-idênticos Thomas e Charles. Fazíamos cultos
domésticos sempre; quer hospedados em um rancho nas serras, quer em um suntuoso
quarto de hotel na cidade. E a bendita presença do Espírito Santo, que muitos crentes
dizem ser impossível alcançar, era para nós a atmosfera natural. Vivíamos e
respirávamos nEle, relatou, certa vez, Susannah. Thomas
Spurgeonchegou a pastorear o Tabernáculo Metropolitano 2 anos
após a morte de seu pai.
Sermões:
A importância de Charles Haddon Spurgeon como pregador só
encontra parâmetros em seus trabalhos impressos. Spurgeon e seu amigo John
Passmore, um editor e membro de New Park Street, começaram, em 1855, a publicar
semanalmente sermões impressões, vendidos à baixos preços. Pelos idos de 1850,
era uma prática muito comum a publicação e distribuição de sermões escritos,
pelos maiores pastores não conformistas tanto na Inglaterra como
nos Estados Unidos. Spurgeon publicou seu primeiro
sermão em Cambridge, num sermonário avulso, e em 1855, surgiu a ocasião da
publicação semanal. Os sermões pregados por Spurgeon domingo de manhã, eram
publicados na quinta-feira seguinte, ( e revisados pelo próprio Spurgeon) e os
sermões pregados domingo a noite e quinta-feira a noite eram reservados para
futura publicação: isso e mais alguns sermões escritos por Spurgeon quando doente
formaram um tal acervo que garantiu a publicação semanal até o ano da morte de
Spurgeon, ( até essa data, 2241 publicados) e dos outros até 1917, totalizando
3.653 sermões publicados divididos em 63 volumes ( maior que a Enciclopédia Britânica e até hoje
considerada a maior quantidade de textos escritos por um único cristão em toda
a história da cristianismo). O sermão nº 537 "A Regeneração Batismal"
pregado em 1864, foi o que mais vendeu individualmente quando Spurgeon era
vivo; a demanda chegou a 300.000 impressões em uma semana. Em 1892, os sermões
de Spurgeon já eram traduzidos para cerca de 9 línguas diferentes.
Muitos sermões de Spurgeon eram enviados via telegrafo aos Estados
Unidos e republicados lá: depois de 1865, muitos deles foram
censurados, pelo fato de Spurgeon ser totalmente contra a escravidão dos negros
africanos (Nessa época, ocorreu a Guerra de Sesseção)
Também escreveu e editou 135 livros durante 27 anos
(1857-1892) e editou uma revista mensal denominada A Espada e a Espátula.
Seus vários comentários bíblicos ainda são muito lidos. (O seu "Tesouro de
Davi”, uma compilação de comentários sobre os Salmos, levou mais de 20 anos
para sua conclusão).
Colégio do Pastor e obra evangelista:
Spurgeon, desde o início de seu pastorado, começou a treinar
alguns jovens que ele cria terem o chamado para obra evangelística e pastorado.
Seu primeiro aluno foi Thomas Medhurst, em 1856. Com o tempo, muitos jovens começaram
a requerer de Spurgeon instrução, e ele, junto com o congregacional George
Rogers abriram, em 1856 o "Colégio do Pastor", e Rogers foi colocado
como diretor. Nos primeiros anos, o Colégio funcionou na casa de Rogers, e
Spurgeon bancava as despesas dos alunos, com o lucro da venda de seus livros e
sermões. Depois de certo tempo e o aumento dos alunos, as aulas eram dadas na
antiga e desocupada Capela de New Park Street, e posteriormente, na parte
inferior do Tabernáculo Metropolitano. Várias Conferências Pastorais na época
de Spurgeon foram realizadas nesse colégio. Até mesmo um brasileiro, João Manoel Gonçalves dos Santos,
foi enviado pelo Dr. Robert Kalley do Rio
de Janeiro em 1872 para se preparar para o ministério pastoral nesse Colégio,
regressando em 1875, e sendo depois o primeiro ministro protestante
congregacional brasileiro.
Depois da morte de Spurgeon, em sua homenagem, o Colégio foi
renomeado de Spurgeon College , e construído em outro prédio; hoje, é
uma instituição não vinculada com o ministério do Tabernáculo (que tem um
seminário próprio) perdendo assim vários aspectos ligados a fé reformada e ao
ministério calvinista de Spurgeon. Todavia continua sendo uma instituição de
preparação de pastores ao ministério.
Em conexão com esse trabalho, surgiu uma associação de
colportores, responsáveis pela evangelização e distribuição de material
evangelístico e teológico. Em 1891,essa Colportagem contava
com 96 associados. Mais tarde, a esposa de Spurgeon, Sussanah, abriu um fundo de para distribuição
de literatura para pastores, e um fundo de ajuda aos pastores pobres
Obras assistenciais:
Quando Spurgeon chegou Londres, a Capela de New Park Street mantinha
uma casa, desde a época do pastorado de John Rippon, no século XVIII,
destinada ao cuidado das viúvas pobres e necessitadas. Nesse local, elas viviam
gratuitamente. Depois de 1861, foi construído um novo prédio, e instalado perto
do Tabernáculo Metropolitano.
Orfanato Stockwell:
A ideia para abrir o futuro Orfanato Stockwell para meninos
nasceu em 1866, de uma reunião de oração, quando Spurgeon sentiu o desejo de
fazer mais da Obra do Senhor aos necessitados. Uma volumosa oferta lhe chegou
em mãos, e Spurgeon a recusou, até mesmo sugerindo que se doasse o dinheiro
para o famosos irmão George Muller, conhecido por
manter uma grande obra social em Bristol. Porem, a
ofertante insistiu que Spurgeon tocasse esse projeto. Assim, teve para si que
era reposta a oração feita anteriormente, Em 1867 o orfanato foi construído, em
Stockwell. Em 1876, foi aberto outro orfanato, esse para meninas.
Também depois de 1861, e com o grande aumento do
Tabernáculo, foi aberto um fundo de ajuda aos necessitados da igreja. Outros
grupos de senhoras tinham uma associação de benfeitoras, e uma sociedade para
ajudar moças pobres grávidas foi inaugurada. Diversas outras obras de cunho
assistencial foram abertas com o fim de ajudar os necessitados de Londres.
Luta
e oposição: A controvérsia do Declínio:
Spurgeon enfrentou muita oposição no fim de seu ministério.
Em 1887, ele foi envolvido na que se chamou "A controvérsia da
Declínio": em Março e Abril de 1887, Robert Schilinder escreveu dois
artigos para a revista de Spurgeon, "A Espada e a Colher" (com
anuência e influência de Spurgeon) descrevendo o declínio teológico das igrejas
batistas inglesas, associando esse declínio ao abandono do calvinismo e a
incredulidade de muitos quanto a infabilidade e inspiração da Bíblia, por conta
do racionalismo alemão que contaminava várias igrejas; Spurgeon, vendo que as
acusações eram verdadeiras e reagindo as críticas dos artigos de Schilinder em
outros 3 artigos, apoiou isso, e ainda afirmou que a União Batista não estava
repelindo isso, mas antes abrigando isso em seu meio, por conta de não ter uma
confissão de fé mais elaborada, e por aceitar pastores claramente
anti-trinitarianos em suas convenções, e ainda criticou aqueles que, por
aceitarem o criticismo contra a inspiração bíblica, apoiavam entretenimento nas
igrejas.
Spurgeon foi duramente criticado, sendo acusado de criar intriga onde
não existia, e acusado de estar sendo influenciado por suas doenças, acusações
infundadas pois o próprio secretário geral da União havia informado a Spurgeon
extra-oficialmente que havia casos de pastores criticarem partes da Palavra de
Deus e frequentarem teatros e aceitavam pastores socianos em seus púlpitos.
Porem, logo após a controvérsia, o secretário e outros quiseram inquirir
Spurgeon sobre suas críticas; em outubro, Spurgeon pediu sua saída da União em
28 de Outubro de 1887, por acreditar que a mesma estava contrária a princípios
da Palavra, e em janeiro, a União aprovou sua saída e ainda aprovou uma moção
de censura contra Spurgeon. em abril, a União aprovou uma confissão de fé
mínima, mas ela mesma aprovou que não podia impô-la para nenhum membro e
igreja.
É certo para muitos que essa controvérsia, que foi travada
em sermões, reuniões e editoriais, desgastou ainda mais a debilitada saúde de
Spurgeon. A Igreja apoiou sua saida, se retirando tambem, da União.
Posteriormente, a congregação batista voltou a se associar a União, mas desde
que Peter Master assumiu o
pastorado do Tabernáculo Metropolitano, em 1970, ela
rompeu novamente com a União Batista.
Últimos dias:
té o último ano de pastorado, 14.692 pessoas foram batizadas
sob seu pastorado. Nesse meio tempo, Spurgeon teve sua saúde grandemente
debilitada. Spurgeon desenvolveu, por volta dos 25 anos, Gota e Reumatismo,
e grandes ataques de depressão, principalmente depois de 1857, quando
um culto realizado em Surrey Garden foi organizado
para cerca de 10.000, e devido a um tumulto provocado por um falso alarme de
incêndio, levou a morte seis pessoas. Quanto mais a idade avançava, mais essas
enfermidades o debilitavam. Spurgeon posteriormente teve uma melhora da Gota, mas nunca esteve
em pleno vigor novamente. Sua esposa Susanna também tinha graves problemas de
saúde, devido a cirurgia que a deixou praticamente inválida por diversos anos e
isso agravava mais ainda a situação. Por diversas ocasiões Spurgeon teve que se
ausentar de seu púlpito por recomendação médica. Chegou a passar alguns período
de férias na Europa, e depois de 1876, muitas vezes, sempre no fim do ano, se
hospedava em Menton,
Sul da França,
pelo clima mais quente que na Inglaterra, por recomendação médica. Depois de
1887, foram cada vez mais constantes essas viagens, chegando a passar meses em
retiro.
Nessa época, Spurgeon foi diagnosticado de doença de Bright, uma doença renal degenerativa e
crônica, hoje denominada de insuficiência renal crónica. Muitos sermões seus
eram lidos, e outros escritos e enviados ao Tabernáculo para leitura, para
suprir a falta do pastor. Em 1891, sua condição se agravou, forçando Spurgeon a
convidar o pastor presbiteriano Arthur Pierson, dos Estados
Unidos, para assumir temporariamente a função principal no Tabernáculo; e
Spurgeon ficou em Mentonaté 31 de janeiro de 1892, quando, depois de alguns dias
de melhora de seu estado, houve uma grande deterioração de sua saúde, levando
ao óbito nessa data, aos 57 anos. O corpo de Spurgeon foi trasladado da França
para Inglaterra, onde foi sepultado no West Norwood Cemetery and
Crematorium, próximo a Londres. Na ocasião de seu funeral - 11 de fevereiro de
1892 - muitos cortejos e cultos foram organizados em Londres, e seis mil
pessoas leram diante de seu caixão o texto de sua conversão, Isaías 45.22a: Olhai
para mim e sereis salvos, vós todos os termos da terra. Spurgeon está
sepultado no cemitério de Norwood, com uma placa que diz Aqui jaz o corpo
de CHARLES HADDON SPURGEON, esperando o aparecimento do seu Senhor e Salvador
JESUS CRISTO.
Período pós-Spurgeon:

Em 1938 , o Dr. W Graham Scroggie, assumiu o pastorado; em
1941, devido a Segunda Guerra Mundial, e aos bombardeios de
Londres pelos Nazistas, o Tabernáculo Metropolitano foi
novamente incendiado e destruído. Seria totalmente reconstruído em 1957 (com um
projeto arquitetônico diferente do original, e menor que o original) sob o
pastorado de Eric W Hayden (que foi sucessor de Gerald B Griffiths, até 1954)
Dennis Pascoe, foi pastor da Igreja de 1963 até 1970, quando Peter Master assumiu o
pastorado e o mantêm até os dias de hoje. Ele resgatou muito do que foi
ensinado por Spurgeon, e re-colocou em prática no serviço dominical, nas
escolas dominicais, e nas ações evangelísticas.
Alguns dos trabalhos escritos mais conhecidos de Charles
Haddon Spurgeon:
New Park Street Pulpit Volums and Metropolitan Tabernacle
Pulpit Volums — 63 volumes de sermões publicados por Spurgeon pela
Alabaster & Passmore, de 1855 a 1917, divididos em duas grandes seções
(NPSPV de 1855 a 1861, e MTPV de 1861 a 1917)
All of Grace — editado em português sob o título Tudo
pela Graça.
Miracles and Parables of Our Lord — três volumes.
The Clue of Mazen — livro escrito por Spurgeon em
Menton, sul da França, sobre a fé e a dúvida, em português publicado como
"A Dica do Labirinto".
Spurgeon’s Morning and Evening — livro de leituras
devocionais diárias.
The Sword and The Trowel — revista mensal editada por
Spurgeon.
The Treasury of David — comentário em vários volumes
sobre os Salmos.
Around the Wicket Gate — Livros escrito como
complemento ao All of Grace; publicado em português como Diante da
Porta Estreita.
Till He Come — sermões sobre a ceia do Senhor.
A Puritan Catechism — uma compilação feita por Spurgeon
em 1855 usando as Confissões de Fé Batista de 1689 e a Confissão de Fé de
Westminster.
Come, ye children — sermões sobre a evangelização
infantil e as escolas dominicais.
Faith's Checkbook — Devocionário escrito na época na
Controvérsia do Declínio.
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