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Por Nilson Pereira.  Primeiramente quero deixar claro que este texto é destinado a cristãos bíblicos e maduros que entende...



terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Uma História de Roma - Século I e II. A consolidação do Cristianismo.




Por Nilson Pereira.

Dando sequência a meu ímpeto de esclarecer os cristãos de sua própria História, assim como repartir conhecimento com colegas e admiradores da História, segue este texto caro a meu ser. Agradecimento especial a uma das melhores professoras que já tive na vida, Carol Fortes. Obrigado por tudo, se eu entendo e gosto tanto de Antiguidade devo isto a Bíblia e a você professora. Segue o texto: 

O período conhecido como Pax Romana, que compreende os séculos I e II d.c., tem por característica o fato dos imperadores, cônsules e magistrados possuírem uma espécie de controle político considerável sobre a chamada plebe urbana na cidade de Roma. 



A política do pão e circo era uma das razões mais fortes de sustentação deste período, que era chamada de ''paz romana'' exatamente pelo controle de conflitos civis na Cidade Eterna, característica tão presente por lá nos séculos anteriores. 




A política do pão e circo era caracterizada por uma época de grandes construções de templos, teatros, anfi-teatros, circos,  do Coliseu (local famoso por lutas entre gladiadores, das corridas de bigas e principalmente, pelo martírios de cristãos), bibliotecas públicas e etc. Estas medidas significavam entretenimento para o povo.   



Coliseu, um dos pontos turísticos mais famosas da História. Local da morte de muitos mártires cristãos, gladiadores, ex-escravos que eram obrigados a lutarem entre si e com animais ferozes. 




A ajuda do ''Estado'' era algo evidente na Roma antiga. Os subsídios de alimentos, a não obrigação de pagamento de impostos pelos cidadãos romanos (quem passava a ter a obrigatoriedade ao pagamentos dos mesmos erma os indivíduos das regiões conquistadas, o que explica, dentre outras questões, a existência do personagem ''publicano'' na Bíblia, judeus que trabalhavam cobrando impostos do povo na Judéia a serviço de Roma nos tempos de Jesus, o apóstolo Mateus era Levi, um publicano antes de converter, por exemplo, assim como Zaqueu) e a distribuição do butim, bens materiais distribuídos pelos grandes generais e suas tropas a população de Roma, a cada vez que estes obtinham grandes vitórias. O que faziam com que os generais se tornassem cada vez mais populares e venerados pelo povo de Roma, se destacando na relação entre governo e plebe. 




Os imperadores passam a ser adorados como deuses, não somente pela plebe, mas por toda a sociedade romana, na medida que a cultura sofre influencias dos povos orientais conquistados pelo exército romano. 







Um outro fator social a ser levado em consideração, é que, com a expansão, há uma considerável escassez de terras (pelo menos nas proximidades de Roma) o que desestimula a plebe no que discerne ao alistamento no exército, pois um dos principais motivos que levava um plebeu a incorporar o exército era o soldo, assim como as condecorações. Este fator faz om que o exército passe a aceitar o alistamento de cidadãos não romanos, sendo que estes como consequência passam a obter cidadania romana, independente de onde nasceram, o que não ocorria até então. Grande aquisição para os não romanos, pois dentro de uma sociedade baseada num complexo código de leis, que vai inclusive influenciar no sistema legal de toda a sociedade ocidental pós século XVIII, é fundamental ter este aparato legal. 




Os dois primeiros séculos depois de Cristo são decisivos para definir todos os acontecimentos históricos pertinentes a queda do império romano. No século seguinte, o III d.c., Roma não conseguiria mais suportar todos os problemas já evidenciados aqui, sobretudo o próprio inchaço territorial conquistado pelo império, o que como consequência faz com que subsídios, butins, soldos, a política de pão e circo e todos os alicerces que os governantes usaram nos dois primeiros séculos, entrassem em colapso. Os romanos enfrentariam sua pior crise, crise moral (uma vez que a corrupção, sempre presente, aumenta muito mais no século III), crise social, política e econômica. Neste cenário de caos civil, o Cristianismo parece ser cada vez mais a reposta correta para as aflições dos plebeus, afinal é o único estilo de vida que pregava uma vida eterna, um Rei incorruptível cujo os servos devem imitá-lo, e um sofrimento momentâneo que daria vez a uma eternidade ao lado do Deus Altíssimo. O império por mais que perseguisse, não podia mais conter o crescimento dos discípulos de Cristo Jesus. Quanto mais os matavam, mais cresciam em número e em coragem.

 A visão hierofânica da vida pregada pelos cristãos, apóstolos, mártires, discípulos de Jesus, era definitivamente  o sopro de vívido que os plebeus romanos precisavam para ter um significado.




Antes do século III, o Cristianismo viveu o período de perseguição mais grave em toda sua História primitiva. No governo de Nero (54-68 d.c.), os cristãos morreram de uma forma incomparável. 



Além de executar os principais líderes cristãos, como os apóstolos Paulo (67 d.c) e Pedro ( mais ou menos na mesma época), Nero é o imperador conhecido por incendiar a cidade de Roma e imputar a culpa do incêndio aos cristãos, o que aumentou consideravelmente o ódio dos romanos aos mesmos, aumentando ainda mais as perseguições.


Martírio do grande apóstolo Paulo, em 67 d.c.





Martírio do apóstolo Pedro em 67 d.c. 


Nero era conhecido por incendiar corpos de cristãos e usá-los como tochas me seu jardim pessoal. Conforme relata a pintura abaixo de  Henryk Siemiradzki, artista polonês do século XIX. 



Todos os imperadores  que precederam e que sucederam Nero perseguiram implacavelmente os cristãos convertidos em Roma, primeiro porque pregar uma Rei eterno com valores incorruptíveis vai de encontro com o modo de vida corrupto dos imperadores romanos, segundo que a negação de uma submissão cega por parte dos politizados cristãos, aparato político que os imperadores se valem desde o início do século I com o pão e  circo e com a pax romana, põe toda a organização política, e por consequência a social romana em risco. 

O Cristianismo se firma nos três primeiros séculos como um seríssimo obstáculo a estrutura política da elite romana. 



Bibliografias complementares:

Fox, John. O livro dos mártires. Rio de Janeiro: CPAD, 2001. 

Le Roux, Patrick. Império Romano. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2010.

Rostovitzeff, Michael. História de Roma. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

Crouzet, Maurice. História geral das civilizações. Paris: PUF, 1971.


4 comentários:

  1. Quando iniciei minha pesquisa diletante acerca da origem do cristianismo, eu já tinha uma ideia formada que pode parecer esdrúxula: nada de Bíblia, teologia, mitologia e para que o Novo Testamento fosse escrito, o que esse mesmo mundo poderia me contar a respeito dessa curiosidade histórica? Afinal, o que acontecia nos quatro primeiros séculos no mundo greco-romano, entre gregos, romanos e judeus? Ao comentar o livro “Jesus existiu ou não?”, de Bart D. Ehrman, exponho algumas das conclusões as quais cheguei e as quais o meio acadêmico de forma protecionista insiste ignorar.
    http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/paguei-pra-ver

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  2. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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  3. Parabéns, pelo texto, bastante enriquecedor.

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  4. O texto me ajudou bastante a esclarecer algumas dúvidas!
    Parabéns, está muito bom!

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