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sexta-feira, 18 de maio de 2012

A interiorização da metrópole e o panorama Luso-Brasileiro(1808-1822).


Por Nilson Pereira.

Com a vinda de boa parte da corte portuguesa junto com a família real lusa em 1808, há uma evidente aproximação entre a aristocracia local da América portuguesa e a corte lusitana. Este jogo de sedução entre uma e outra, na qual descreve a historiadora Maria Odila Silva Dias se dá por um evidente jogo de interesses.

A sociedade luso-brasileira,era uma sociedade oriunda do Antigo Regime,de uma sociedade de corte,onde o status era fundamental. Estar próximo e nutrir um bom relacionamento com o rei era algo fundamental. Por isto,a aristocracia local almejava uma aproximação evidente e concisa em relação ao rei e sua corte. Isto,sem sombra de dúvidas,traria status,enobreceria os aristocratas da elite do chamado Centro-Sul da América portuguesa(sobretudo os comerciantes de grosso trato e os traficantes de escravos),com títulos e graças concedidas por D. João VI a estes,sobretudo com títulos de cavalaria,como a medieval ''Ordem de Cristo''.

Nunca antes na História foram concedidos tantos títulos de nobreza como no período que vai de 1808 a 1822 por um rei português,como assinala o historiador Jurandir Malerba,em sua obra ''A corte no exílio'',no capítulo denominado '' O cetro e a bolsa''.

D. João cria de fato uma nobreza luso-brasileira,moldadas sobre estas inúmeras concessões e sobre o ideal do Império Luso-Brasileiro,que já existia antes,mas que é fomentado pela transferência concisa da corte de Lisboa para o Rio de Janeiro.

Para a corte advinda de Portugal,o maior interesse seria o fato da aristocracia possuir os bens materiais da América portuguesa,como moedas e instalações,o que garantiria a esta,todos os privilégios que possuia na Europa.

A aproximação entre a aristocracia local da América portugesa e a corte da parte européia do Império,é a marca do processo de interiorização da metrópole, onde a primeira consegue finalmente o status de nobreza tão cobiçado pelos membros de uma sociedade de Antigo Regime,e a segunda,manter seus privilégios e bens dentro de um Regime absolutista de governo,algo fundamental.

Este jogo de interesses,permeia todo o grande fomento que ocorre neste período na região Centro-Sul do Império,com a transferência da centro do poder político,e abrange regiões como São Paulo e Minas Gerais também,devido a aproximação geográfica,ideológica e política destas regiões com o Rio,pois dentro se uma sociedade de Antigo Regime,a aproximação do Rei e da corte é fundamental.

As elites das regiões mais afastadas do Centro-Sul da América portuguesa(como o Nordeste e o extremo sul,Rio Grande do Sul),mantém um sentimento de insatisfação e até de rejeição em relação ao rei e a corte,pois,para estas elites,não faz diferença o centro do poder estar em Lisboa ou no Rio,o que fomentará inúmeras revoltas no decorrer do século XIX nestas regiões afastadas.

Os portugueses que ficam na Europa, igualmente as elites citadas do parágrafo anterior,se sentem insatisfeitos e abandonados perante D. João,sobretudo depois da queda do regime napoleônico em 1815(uma das justificativas da transferência da corte de Lisboa para o Rio está no fato da ameaça de Napoleão em invadir Portugal,uma vez que a Espanha governada pela dinastia dos Bourbons, já estava sobre a regência de José Bonaparte,irmão de Napoleão,uma vez que a esta dinastia tem origem francesa, o que faz com que o ditador não encontre grande resistência em dominar o território da coroa espanhola,vizinha de Portugal).

O plano de transferência da corte portuguesa para a América,vem desde o século XVII,data da independência portuguesa junto aos Habsburgos espanhóis,pois o exército luso sempre foi frágil se compararmos aos demais exércitos europeus,uma vez que as prioridades históricas do reino português sempre foram o comércio e a navegação.

A transferência da corte de Lisboa para o Rio que acontecesse em 1808,é uma tentativa bem sucedida de manuntenção da dinastia dos Braganças no poder do Império Luso-Brasileiro.

O povo português,percebe a evidente queda de importância da parte européia do Império,uma vez que com a abertura dos portos da América portuguesa as nações amigas,medida mais importante de D. João em 1808,há a quebra do pacto colonial exclusivo entre a metrópole lusa e a colônia brasileira que perdurava durante todo o período colonial,fazendo com que os comerciantes do Portugal continental empobreçam bastante.

No aspecto político,as tropas inglesas ocupam Portugal desde 1815,com a jusitficativa de impedir mais invasões francesas. Os portugueses na Europa,se sentem cada vez mais pobres,'orfãos de rei' e ocupados por uma tropa estrangeira. Isto fará com que comecem a exigir a volta da corte que veio para o Rio e nunca mais retornará a Lisboa em grande parte.

A abertura dos portos de 1808 aqui na América portuguesa,dá uma quadro de fomento econômico,social e político inalcançáveis em relação a parte americana do Império. O Rio se torna uma cidade mais cosmopolita(sobretudo em relação a presença de ingleses),mais desensvolvida,como nunca antes em toda a História.
D. João,dá inúmeros privilégios aos ingleses,como a constituição de um tribunal próprio para o julgamento destes,taxas comerciais pífias para transações econômicas,livre culto(já que os ingleses são,em maioria,protestantes,o que faz com que a Igreja Católica,parceira de séculos da coroa portuguesa,fique muito insatisfeita),enfim,facilita e muito a circulação de comerciantes ingleses na região Centro-Sul do Império Luso-Brasileiro.

O período compreendido entre 1808 e 1822,tem como marca a aproximação entre a aristocracia brasileira e a corte portuguesa que se transfere para o Rio,e nunca um rompimento,como ocorre por exemplo na América espanhola e na América inglesa.

A América portuguesa(futuro Brasil) é a principal região do Império Luso-Brasileiro há décadas,sendo responsável direto pela sustentação do mesmo,e esta aproximação de elites faz com que a corte portuguesa nunca mais retorne a Lisboa em sua maioria,sobre a tutela da frase do filósofo alemão John Milton: '' É melhor reinar no inferno do que ser súdito no céu'' atribuída pelo autor a Satanás.

Nunca houve, historicamente,uma luta entre a metrópole e a colônia como dita a historiografia tradicional,e sim,uma evidente aproximação entre as duas elites,conforme a historiadora Maria Odilia Silva Dias demonstra em sua obra revolucionária em termos historiográficos da década de 1970.

Esta aproximação é singular na História da humanidade.

Vale ressaltar a fixação da aristocracia brasileira em ser européia,pois o fomento trazido por D. João e a transferência da corte sacia,de certa forma,este ímpeto,porém,a presença de escravos em solo brasileiro era uma espécie de lembrança constante e incômoda de que não se estava na Europa.

Este período histórico compreendido entre 1808 e 1822,marca uma nova era,sem sombra de dúvidas,na História do Brasil, que deixa de ser colônia,porém ainda não é um país independente,embora o processo desta se inicie neste período,e não em 07 de setembro de 1822,conforme a historiografia tradicional assinala.

Evidentemente,o período histórico compreendido,tem características elitistas e excludentes,pois a maior parte da população da América portuguesa,composta por escravos,mestiços,indígenas e brancos pobres,vivem em uma espécie de ''mundo paralelo'',em relação a realidade das elites,agentes diretos deste processo histórico.


A abertura dos portos brasileiros as nações, sobretudo a Inglaterra, faz com que o protestantismo chegue de uma vez por todas a América portuguesa. Vale frisar que o catolicismo continua a ser a religião oficial da colônia, porém, os protestantes recebem autorização de D. João para ter seus próprios templos e realizarem cultos, desde que não sejam chamativos. 

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