Estou o usando o título original do novo clássico cristão ''Ego Transformado'', de Tim Keller (extremamente recomendável sua leitura, é um dos maiores livros cristãos de todos os tempos, digo isto sem medo) para ilustrar a essência da aplicação do Evangelho em nossas vidas: eu e você precisamos nos esquecer de nós mesmos. Não precisamos ter baixa estima, nem alta, precisamos simplesmente nos esquecer de nós. A Bíblia toda gira em torno de Cristo e nesta prática, do homem esquecer de si mesmo e viver para Deus e para o próximo como consequência. Este é o cerne do amadurecimento cristão, quando vencemos nossos egos, vivemos totalmente na contra mão da maldição no qual o pecado nos submeteu desde Adão e Eva: de criarmos em nós mesmos o nosso deus.
O cristão não é aquele que vive cabisbaixo, depressivo, nem tão pouco aquele que vive discusando sobre seus grandes feitos, vaidoso ou soberbo de si próprio, o cristão é aquele que não se importa mais com o que é, e sim com quem se relaciona. É aquele que vive para se comunicar, primeiro com Deus, depois com os próximos mais próximos e assim por diante. O que define um cristão não é o que ele conquistou ser simplesmente, mas o que ele é por se relacionar. A essência do Evangelho é a relação aplicada na Palavra, desde sempre, afinal, adoramos a um Deus Trino, que em Sua Essência se relaciona.
Diversos teólogos na História pregam que nenhum cristão é uma ilha, pois simplesmente não existe Cristianismo isolado, precisamos nos relacionar com Deus para ser alguém no Reino, e a partir disso, quanto mais nos relacionamos, mais vamos crescendo naquilo que somos, não em quantidade, mas em qualidade, amadurecimento e profundidade. Por isso não devemos nos gloriar no que somos, ou nos autoflagelar naquilo que não somos (ou por não gostar daquilo que somos), porque só se é algo aquele que depende totalmente de Deus para existir, e servir por ser alguém. Servir é ser missional, e quem serve vive com Cristo para sempre. É impossível ser missional sem aprender o que Jesus, o apóstolo Paulo e Tim Keller ensinam no ''Ego Transformado'', porque quem pensa em si mesmo, não serve para servir (com o perdão do trocadilho), pois está muito ocupado, ou se auto-admirando demais, ou se depreciando demasiadamente.
Quando o seu estilo de vida é a relação auto-sacrificial que exige o auto-esquecimento ( não no sentido de se matar, mas no sentido de não se importar com a reputação) além da maturidade, surge a verdadeira liberdade em todos os aspectos, aquela que Cristo tanto nos promete. Se auto-esquecer é se tornar mais parecido com Jesus, afinal Ele é, e sempre será o maior exemplo de Amor auto-sacrificial que existe. No Reino de Deus quanto mais forte e poderoso se é, mas auto-esquecível nos tornamos, mais parecidos com Cristo e bíblicos somos, e mais preciosos como pessoa seremos. No mundo, é o oposto, a ponto de nos destruir e destruir o que amamos por conta, ou de um ego inflado, ou de um ego murcho.
O principal motivo da vida do cristão ser medíocre (Apocalipse 3;15-22) é o fato de não se auto-esquecer, e estar vivo demais, ao invés de aprender a morrer, tanto para se auto-idolatrar, tanto para se auto-flagelar. Cristão bíblico é aquele que aprende a morrer para si em vida, se não formos assim, somos o galho da videira que só serve para ser jogado ao fogo, ou o sal insípido que só serve para ser pisado pelos homens. Que Deus nos faça, através do Evangelho aplicado em nossas próprias vidas, a ter como estilo de vida o auto-esquecimento, e o serviço relacional missional, afinal, como o velho Spurgeon diz, todo cristão, ou é um missionário, ou um impostor!
Nilson Pereira
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