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terça-feira, 9 de outubro de 2012

Questão nacional e democracia na América Latina Contemporânea.


Representação de nação e democracia nos discursos de Hugo Chávez. 




Por Nilson Pereira.

No início do livro organizado pela historiadora e professora da Universidade de São Paulo, Maria Lígia Prado, percebe-se que as autoras deram ênfase ao fato de um ''encontro'' de governos de esquerda em relação aos países latino-americanos desde o fim do século XX.

Perceptível, embora implícito no texto, é o fato desta tendência ser confirmada no pós-períodos ditatoriais em grande parte das nações que compõem o subcontinente, onde os candidatos de esquerda representavam uma espécie de ''novo momento'' político e econômico, baseado na abertura comercial e ideais neoliberais.

Destaca-se no texto que esta nova tendência dos rumos político-econômicos da América Latina, não conseguiu fazer com que a realidade de desigualdade social e dificuldades econômicas dos países que a compõe tivessem fim, nem ao menos uma melhora (PRADO, SOARES, COLOMBO, 2007, p. 15-17).
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 Propõe-se uma questão, onde estaria o problema. Seria na Democracia em si, ou nas más administrações de políticos corruptos, outra marca infelizmente, do continente.

Com exemplos como o impeachment de Fernando Collor de Melo no Brasil, primeiro presidente eleito diretamente pelo povo desde o fim dos longínquos anos de Ditadura Militar, as autoras citam uma constatação sobre a viabilidade democrática na América Latina, no fim dos anos de 1990 e início do século XXI.

Citam uma pesquisa de uma ONG sediada em Santiago no Chile chamada  Latinobarómetro, que realiza enquetes anuais em 18 dos países latinos, onde há, segundo as autoras, diferentes graus de apoio e aceitação em relação ao sistema democrático (PRADO, SOARES, COLOMBO, 2007, p. 16).

Destaca-se na pesquisa Brasil e Peru como exemplo de países onde o apoio popular ao sistema democrático caiu consideravelmente ao longo dos anos, e a Venezuela como exemplo onde o apoio democrático tem crescido fortemente nos anos de governo de Hugo Chávez. Uruguai e Costa Rica, segundo os dados da pesquisa, continuam a serem desde o início da iniciativa da ONG, os povos mais adeptos a Democracia no subcontinente.

O país latino-americano que mais tem chamado à atenção da comunidade internacional em relação ao modelo político é de longe, segundo as autoras, a Venezuela, que está submetida desde 1999, há um governo liderado por Hugo Chávez, com ideais esquerdistas, populistas e nacionalistas, que é divido entre as classes mais populares, adeptas fiéis ao governo Chávez, e as classes médias, mídias e elites, ferrenhas críticas ao seu governo.

As autoras citam, ao discorrer sobre o panorama político da Bolívia, a influência que o governo Chávez exerce sobre Evo Morales, que segue o modelo do presidente venezuelano no país no qual governa.


Cuba aparece como uma espécie de contraponto, onde o regime socialista no qual a Ilha caribenha está submetida desde os anos de 1960, faz crescer depois da queda da URSS nos anos de 1980, uma insatisfação e um aumento de números de exilados que anseiam por uma redemocratização cubana e o fim do regime da família Castro.

As autoras destacam que os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, em Nova York e Washington, nos EUA foram uma espécie de marco do enfraquecimento do dirigismo norte-americano em questões econômicas, políticas e ideológicas, havendo assim uma aproximação econômica entre os países latinos, sobretudo, com um fortalecimento e uma retomada das negociações do MERCOSUL, e de uma busca de diálogos entre o extremo sul do continente com os países andinos, que compõe o norte da América do Sul.

Destacam a ascensão ao poder de presidentes progressistas de origem, como Néstor Kirchner na Argentina, Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil, Hugo Chávez na Venezuela, Rafael Correa no Equador, Tabaré Vásquez no Uruguai, Michele Bachelet no Chile (primeira presidente mulher da História da América Latina) e Evo Morales da Bolívia.

O escritor Jorge Castañeda é citado como contraponto de exposição das diferenças entre os presidentes citados, onde, na opinião dele, a América do Sul, teria tomado corpo dois tipos de partidos de esquerda, uma corrente moderna, reformista e internacionalista, com raízes na esquerda linha dura do passado recente, representados por Lula, Bachalet e Tabaré, e uma nascida da grande tradição populista latino-americana, nacionalista, estridente, e de mentalidade fechada, representada por Chávez, Morales, Castro e pela família Kirchner, que governa a Argentina há décadas (PRADO, SOARES, COLOMBO, 2007. p. 28).

Jorge Castañeda ainda cita o que ele chama de ''tsunami de esquerda'' na qual a América Latina está submetida hoje.

Exceção a esta regra, quanto ao acesso ao poder dos partidos de esquerda, está à Colômbia, que optou por um governo de direita como tentativa de conter o avanço do narcotráfico, segundo as autoras.
O historiador mexicano Carlos Antônio Aguirre Rojas, analisa o subcontinente latino-americano através de seus aspectos culturais.

Em sua obra intitulada ‘’América Latina: História e presente’’, focada na internacionalidade, miscigenação, cosmopolitismo, Rojas trabalha com um conceito próprio sobre uma civilização latino-americana (ROJAS, 2004. p. 23-44).

Rojas destaca as características de internacionalidade e miscigenação, no que se refere à América latina.

Vê o subcontinente como uma espécie de ‘’nova liderança mundial’’, que seria implantada a partir da queda do capitalismo como relação social vigente. 

Rojas se utiliza de questões como o cosmopolitismo e miscigenação, explicados pelos contextos históricos da América latina, como a colonização, as crescentes imigrações europeias e asiáticas do fim do século XIX e início do século XX na qual a região é submetida, para basear suas teses da emersão do subcontinente como possível futura potência.

Destaca ainda a grandiosidade (tanto populacional, quanto de diversidade e ainda de estrutura) e o grande cosmopolitismo de cidades latinas como São Paulo, Rio de Janeiro, Cidade do México e Buenos Aires, para tal.

Aguirre Rojas ainda destaca para dar forma a sua tese, a ideia de que a América Latina é a origem de nações que terão destaque mundial de liderança também por questões econômicas.

Cita o Brasil, com sua ampla riqueza de recursos naturais variados, o México com sua capacidade industrial, o Chile como exportador de minérios e a Venezuela, ampla produtora de petróleo, uma das maiores do planeta, como possíveis potências mundiais a nível econômico.

Gilberto Maringoni, jornalista e professor da Universidade de São Paulo, é o autor do único livro que fala especificamente sobre a História da Venezuela contemporânea.

Em seu livro ‘’A Revolução Venezuelana’’, destaca características impares dos contextos históricos, sociais e políticos do país como uma nação, desde contextos históricos anteriores ao governo de Hugo Chávez, partindo assim do século XIX, passando pelo século XX, onde nos últimos anos deste, Chávez assume o poder, e culminando no século XXI, onde está inserido a maior parte do governo chavista na atual Venezuela.

O autor destaca que a chegada ao poder de Chávez, tem alterado profundamente as realidades econômicas, sociais e políticas da Venezuela.


O governo de Chávez interrompeu o rodízio de poder que perdurava-se desde 1945, entre a AD (Aliança Democrática), de caráter socialdemocrata e a Copei, de caráter democrata-cristã.

A bandeira de uma ‘’ revolução bolivariana’’, levantada por Hugo Chavéz, é uma das maiores características do governo atual de Caracas.


Chavéz defende fielmente uma unificação latino-americana, assim como pregava Simón Bolivar, seu virtual e oficial inspirador, sobretudo no que discerne o campo econômico, combatendo com veemência ideológica a não intervenção e participação dos Estados Unidos nesta unificação latina.

No exercer de seu mandato, Chávez mudou a constituição, ampliando assim, dentre outras medidas, a quantidade de reeleições ao cargo de presidente da república.

Nacionalizou plenamente a maior fonte de riqueza da Venezuela, o petróleo, uma vez que o país é um dos maiores produtores deste na humanidade, canalizando assim, os recursos prioritariamente a programas sociais.

O autor destaca que o governo de Chávez, enfrenta forte pressão e oposição externa e interna.
Internamente, sofre oposição dos partidos mais tradicionais, dos grandes empresários, dos setores privados de comunicação e da Igreja. Externamente, sofre oposição do governo norte-americano, sobretudo.

O governo venezuelano atual, tem no populismo e na exaltação do nacionalismo seus pontos cruciais para se manter no poder, é acusado comumente de ‘’esquerdista retrógrado’’.

Chávez utiliza como ferramenta política, a chamada democracia participativa, convocando plebiscitos com teor popular para agir nas circunstâncias mais importantes de seu governo. Valendo ressaltar que na maior parte das Repúblicas no mundo o sistema democrático é representativo, que consiste no fato do povo eleger através de eleições diretas os chamados ‘’representantes da soberania popular’’, no que discerne das decisões legislativas e executivas de uma nação.

Gilberto Maringoni preocupa-se em demonstrar que o processo político e histórico que pôs Hugo Chávez no poder, não se constitui em uma revolução, no conceito puro da palavra, justificando sua tese no fato de que a chegada ao poder de Hugo Chávez não se deu através de uma ruptura estrutural da sociedade venezuelana, apesar das significativas reformas sociais e inéditas implementadas, e o deslocamento evidente das elites tradicionais do poder na Venezuela (MARINGONI, 2009. p. 171-189).  



Bibliografias:

PRADO, Maria Lígia; SOARES, Gabriela; COLOMBO, Sylvia. Reflexões sobre a democracia na América Latina. São Paulo, Senac, 2007.


AGUIRRE ROJAS, Carlos Antônio. América Latina: História e presente. Campinas, Papirus, 2004.

MARINGONI, Gilberto. A Revolução Venezuelana. São Paulo, UNESP, 2009.

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