Por Nilson Pereira.
Em seu livro '' Londres e Paris no século XIX: o espetáculo da pobreza'' a historiadora Maria Stella Bresciani evidencia o radical contraste social que se acentua cada vez mais durante o século oitocentista. Sobretudo traçando uma análise da capital inglesa, Londres, neste período.
A autora, expõe em seu livro, relatos de Friedrich Engels sobre a situação das localidades mais pobres das grandes metrópoles européias do século XIX, locais de habitação dos mais pobres, geralmente a classe trabalhadora, um ambiente insalubre e caótico, cujo ar é contaminado pelo carvão e a água de igual forma, ambos por conta dos dejetos químicos da industrialização, causados pelas fábricas, cenário que contrasta assustadoramente com as luxuosas avenidas londrinas oitocentistas.
No século XIX, o cenário urbano ganha uma importância única em comparação aos demais períodos da História humana por conta da industrialização, e o panorama social das grandes metrópoles é de cidades inchadas ao extremo, que não possuem estrutura para suportar tamanha migração da população rural aos grandes centros urbanos.
De certa forma, os burgueses donos de fábricas saiam favorecidos, uma vez que este excesso de gente oriundo da migração rural, se tornaria em maioria, trabalhadores fabris que aceitariam as condições de trabalho mais ínfimas e os salários mais miseráveis, com o fim de sustentar a si e suas famílias. Um trabalhador da época tinha uma jornada de aproximadamente 14 horas diárias, com descanso semanal no domingo apenas.
As crianças de 8 horas.
Neste período, historiograficamente chamado de Primeira fase da Revolução Industrial, a elite ainda não via necessidade de fazer uso da classe trabalhadora como mercado de consumo dos produtos industriais, o que muda durante a Segunda fase da Revolução Industrial e fazia com que os descaso com os trabalhadores fosse ainda maior.
Para as elites proprietárias das fábricas, existiam dois tipos de pobres, os trabalhadores fabris, que tinham seu espaço na sociedade, ainda que fosse humilde, e os marginais, classes perigosas (termo usado na época) que eram pobres fora de lugar na sociedade, fora do chamado mundo dos trabalhos, marginalizados e que assustavam as elites.
A justificativa para a pobreza na Inglaterra, estava no fato de que os pobres tinham maus hábitos, seus vícios quanto ao mau suso do dinheiro e não aplicação em poupanças era a principal razão de seu estado de pobreza, ideologia oriunda do pensamento protestante.
Para a classe burguesa, os pobres de Londres já não tinham mais recuperação, a esperança dos donos de fábricas estava depositada nos trabalhadores de Manchester, sobretudo, e também nos de Liverpool.
Os trabalhadores de Manchester, sobretudo, eram vistos na concepção da elite industrial, como mais religiosos e disciplinados em comparação aos londrinos, o que ameniza a situação da violência urbana, em detrimento da capital inglesa.
Em Manchester, existiam os workhouse, que reuniam 3 características distintas, tentativa das elites de recuperar as classes perigosas de desempregados:
I - Prisão, porque iam para lá contra suas vontades.
II - Casa de benfeitoria, porque os pobres que para lá iam, não tinham condições de se manter socialmente.
III- Fábrica, porque nas workhouse se trabalhava, produção fabril, e muito.
Bibliografia: BRESCIANI, Maria Stella Martins. Londres e Paris no século XIX: o espetáculo da pobreza. São Paulo: Brasiliense, 2004.







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