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Por Nilson Pereira.  Primeiramente quero deixar claro que este texto é destinado a cristãos bíblicos e maduros que entende...



segunda-feira, 29 de abril de 2013

Sou puritano, graças a Deus!




Por Nilson Pereira. 

Oh ''puritano''! Por muitas vezes fui assim rotulado (na maioria como tentativa de ofensa)  por ser um cristão nos nossos dias, porém, apesar de ser algo considerado perjorativo pela maior parte dos que assim me chamaram, é um dos ''rótulos'' e estigmas que recebo por ser cristão protestante  no qual mais me orgulho. 

Os puritanos são cristãos reformados que utilizam a Teologia Calvinista como seus estilos de vida. O puritanismo existe desde do século XVI, ou seja, da origem da Reforma Protestante. 

Deus já usou os puritanos para realizar muitas questões importantes na História Humana, além de tudo o que é atribuído historicamente aos protestantes (http://nopphistoriador.blogspot.com.br/2013/01/as-95-teses-que-o-espirito-santo.html), questões como a fundação dos Estados Unidos da América, onde há até mesmo um dos mais importantes feriados da nação, o ''Dia de ação de Graças'', dedicado a gratidão ao Altíssimo por conta da chegada sã destes ao território que iria se tornar os EUA, a erradicação do Tráfico Negreiro e da Escravidão negra no geral, diversos movimentos que contribuem como tentativas de erradicação da pobreza na África, América, Ásia entre outros, e claro, a salvação e anunciação do Evangelho nos quatro cantos da Terra, combate a heresias que desvirtuam cristãos ao redor da História. 



Irei compartilhar aqui duas das maiores referências que tenho em minha vida como cristão, protestante e puritano, o Reverendo Augustus Nicodemus Lopes, carinhosamente chamado por mim como ''Mitodemus'' tamanha sua influência sobre cristão historiador, que em um dos seus brilhantes sermões, denominado ''Calvino e a Juventude'' (http://www.ipsantoamaro.com.br/pregacao/460-calvino-e-a-juventude.html) explica sobre o Puritanismo.



 e o emblemático escritor e intelectual cristão, já falecido, C. S. Lewis, sobre uma frase reflexiva sobre o puritanismo. Deus nos abençoe. 




Sobre Puritanos, Puritânicos e Neopuritanos

Por Augustus Nicodemus Lopes. 

À semelhança de outros rótulos que rolam no meio evangélico, “puritano” é um dos mais mal compreendidos e um dos que é usado mais eficazmente para destruir a reputação de alguém. 

O termo tem conotação pejorativa hoje em dia. Um puritano é visto como alguém de moralidade falsa ou hipócrita, e por mais que os simpatizantes dos antigos puritanos tentem passar uma imagem positiva a respeito deles, a mancha negativa (e injusta) permanece. Os puritanos viveram entre o século XVI e XVIII. Eram leigos e ministros ordenados da Igreja da Inglaterra e das igrejas presbiterianas, batistas e congregacionais.

O apelido “puritanos” foi colocado por seus inimigos, para ironizar o ideal de pureza que defendiam. O puritanismo não era uma denominação, mas um movimento dentro da Igreja da Inglaterra e das igrejas independentes, que desejava maior pureza na Igreja, no estado e na sociedade. Queriam que a Reforma, iniciada antes, fosse completa. Acusavam que a igreja inglesa havia parado entre Roma e Genebra. Estavam insatisfeitos porque ela havia se reformado apenas parcialmente, conservando ainda muitos elementos do catolicismo que consideravam como contrários às Escrituras.

Os puritanos escreveram e produziram muito material teológico. ]

Foram eles os responsáveis pela famosa Confissão de Fé de Westminster, que até hoje é a confissão de fé de igrejas presbiterianas e batistas reformadas. A firmeza com que defendiam suas convicções, o rigor teológico e exegético de suas obras, o modo de vida frugal, austero e simples que defendiam, valeu-lhes uma reputação de gente inflexível, sisuda, pudica, e obtusa, especialmente depois que caíram em desgraça política na Inglaterra e se desviaram para uma religião legalista e introspectiva após o período de Cromwell, desembocando no não conformismo.

O movimento puritano foi um momento importante na história da Igreja. Apesar de ter passado, sua teologia permanece viva nos documentos históricos de denominações reformadas e na vasta literatura que os pastores puritanos deixaram. Charles Spurgeon e Martyn Lloyd-Jones são considerados, entre outros, como últimos remanescentes do que havia de melhor no puritanismo. Em nossos dias, todavia, um interesse crescente pela teologia puritana, sua piedade, devoção e espiritualidade tem crescido cada vez mais, não somente no Brasil, como especialmente no exterior. Uma editora inglesa – a Banner of Truth Trust foi a responsável pela reimpressão de obras de puritanos famosos como John Owen, John Flavel, Jonathan Edwards. Muitas delas têm sido traduzidas e publicas no Brasil. Além disso, autores modernos têm se colocado dentro da tradição puritana, como J.I. Packer, R.C. Sproul, John MacArthur, entre outros.

O termo “puritânicos”, por sua vez, foi usado algumas vezes aqui no Brasil, em 2001, na finada revista teológica Fides Reformata semper Reformanda Est, para estigmatizar quem segue hoje a teologia puritana de Westminster e quem se recusa a aceitar a pluralidade teológica e o inclusivismo acrítico nas instituições de teologia reformadas. Os “puritânicos” foram também chamados de fundamentalistas xiitas da linha de Carl McIntire. Pode-se inferir que o termo realmente visava marcar negativamente um determinado segmento dentro da igreja evangélica como intransigente, obscurantista, ativistas teológicos rebeldes, etc.

O termo neopuritanos tem sido usado para designar os adeptos da teologia puritana no Brasil que passaram a usar determinadas doutrinas e práticas como identificadoras dos verdadeiros reformados, como o cântico exclusivo de salmos sem instrumentos musicais no culto, o silêncio total das mulheres no culto, a defesa do cessacionismo com base em 1Coríntios 13.8 (posição contrária à de Calvino), um entendimento e uma aplicação estreitos do princípio regulador do culto e outros distintivos semelhantes. Essas posições acabaram isolando os adeptos dessa linha do movimento de outros reformados que adotavam a teologia de Westminster, mas que discordavam que os pontos acima fizessem parte da essência da fé reformada ou mesmo do puritanismo.
Infelizmente, a rotulação “puritânicos”, os posicionamentos de alguns neopuritanos, a maneira agressiva com que alguns deles às vezes defendem suas idéias, acabam sendo associados à renitente conotação pejorativa que o nome "puritanos" já carrega. Junte-se a isso a ignorância crassa das massas evangélicas sobre o que realmente foi o puritanismo. Ao final, tem-se uma rejeição generalizada da teologia e da piedade puritana em nossos dias. Digo infelizmente pois acredito que os puritanos foram teólogos de grande envergadura, os verdadeiros intérpretes do pensamento de Calvino e um dos poucos grupos reformado que deu ênfase ao lado experimental desse pensamento. Lamento também porque a espiritualidade deles e sua ênfase na religião prática seria um excelente corretivo para os que buscam espiritualidade nos místicos católicos da idade média.

Não creio que caiba, na realidade multi-cultural brasileira do século XXI, o transplante do puritanismo da Escócia e da Inglaterra dos séculos XVI e XVII com todos os seus detalhes, alguns com um contexto histórico muito marcante. Mas, acredito que se possa resgatar, com os devidos cuidados, sua teologia e sua piedade, se todos os que amam a teologia de Westminster e das outras confissões igualmente influenciadas pelo puritanismo, deixassem de lado as idiossincrasias puritanas dos séculos passados e se concentrassem naquilo que é central no puritanismo: a busca da pureza individual, do culto, na família, na sociedade, na igreja e no estado. Talvez ainda haja esperança para que a teologia puritana sobreviva dentro das igrejas que são historicamente suas herdeiras, e não somente entre os irmãos pentecostais, que mais e mais estão descobrindo e abraçando Matthew Henry, John Gill, John Owen, Jonathan Edwards, C. H. Spurgeon, J. I. Packer, D-M. Lloyd-Jones e John MacArthur.

Terminando, cito um parágrafo do C. S Lewis sobre os puritanos, que me foi enviado pelo Franklin Ferreira. Gosto de pensar neles dessa forma:

Devemos imaginar estes Puritanos como o extremo oposto daqueles que se dizem puritanos hoje, imaginemo-los jovens, intensamente fortes, intelectuais, progressistas, muito atuais. Eles não eram avessos à bebidas com álcool; mesmo à cerveja, mas os bispos eram a sua aversão’. Puritanos fumavam (na época não sabiam dos efeitos danosos do fumo), bebiam (com moderação), caçavam, praticavam esportes, usavam roupas coloridas, faziam amor com suas esposas, tudo isto para a glória de Deus, o qual os colocou em posição de liberdade. (...) [Os primeiros puritanos eram] jovens, vorazes, intelectuais progressistas, muito elegantes e atualizados ... [e] ... não havia animosidade entre os puritanos e humanistas. Eles eram freqüentemente as mesmas pessoas, e quase sempre o mesmo tipo de pessoa: os jovens no Movimento, os impacientes progressistas exigindo uma “limpeza purificadora” (C. S. Lewis).