Por Nilson Pereira.
Acabei de sair do cinema ainda anestesiado com o poder que tem a Pixar. Divertida Mente é sem sombra de dúvidas, um dos seus projetos mais audaciosos, mais arriscados, e mais brilhantes. Lidar com a mente humana, única região que nem a ciência, nem as religiões no geral, consegue explorar e principalmente, explicar totalmente, é muito complicado para adaptar na Cultura Pop, mas a Pixar fez isso de uma forma cirúrgica, bem humorada, e que bem empática ao público. Comportamento, sentimento e pensamento, são os temas que aborda Divertida Mente, e são junto com os brinquedos de Toy Story e a ficção científica de Wall-E, os que mais me fizeram sentir completo, e os que mais gosto dentre todos que o estúdio já abordou. Complexo demais, é natural faltar algumas coisas ao abordar tal tema, afinal, nada é mais complicado que o ser humano, mas no geral, a Pixar está de parabéns pelo trabalho mais uma vez.
Eu sou fã demais de Mad Max, ainda considero o novo filme da franquia o melhor do ano. Ainda considero Toy Story 3 o melhor filme da Pixar, ao menos empatado com este que citarei. Mas fazia muito tempo que um filme não ficava martelando na minha cabeça como o Inside Out (Divertida Mente). A Pixar tem este dom, de perfurar minha mente como quem não quer nada, e plantar uma árvore de reflexão. Este filme é uma obra de arte, e a profundidade simples dele é impressionante. Ele foi tudo o que o Nolan não conseguiu fazer com o Inception. Até hoje sorriu do nada, e choro do nada ao pensar neste filme. Ele veio para ficar na minha vida.
A nova animação do maior estúdio da História do gênero, é quase perfeita. Senti falta de mais personagens que simbolizassem outras emoções básicas do ser humano. Não precisa ser os 37 pensados originalmente, mas poderia ter mais. No longa estão caracterizadas a líder dos sentimentos, a Alegria, a carismática Nojinho, o ponderado Medo, o esquentadinho Raiva e a personagem que rouba a cena do filme, a Tristeza.
No geral, todos os personagens são bem caracterizados, só acho que o Medo poderia ter tido um pouco mais de destaque, mas não há do que reclamar neste ponto. Riley, a menina cujo a mente é a protagonista das aventuras da animação, é uma personagem bem feita também, em todos os sentidos, seus pais idem, e as emoções deles mais ainda, inclusive, são alguns dos pontos altos do filme.
O amigo imaginário de Riley na infância, Bing Bong é outro que rouba a cena, bem divertido e uma mistura de tudo que uma criança do sexo feminino costuma gostar. Mais uma vez, no geral, a Pixar beirou a perfeição na escolha dos mesmos.
É impossível para um ser humano não ser envolvido com Divertida Mente, não se por no lugar de Riley, e nem imaginar se todo o enredo do filme não acontece dentro de si, ainda que por segundos, seu lado criança aflora neste sentido. A Pixar, que tem várias animações, desta vez, e mais uma vez, criou uma obra de arte da História do cinema!
Minha nota para a nova animação da Pixar é 9,7. Um roteiro bem redondo, preciso, divertido e bem feito. Ainda que eu tenha sentido ausência de alguns outros personagens que não existem na trama, os que estão lá cumprem bem seus papéis, se destacam em suas posições na trama, são pontuais.
Depois de Mad Max: a Estrada da Fúria, até junho, Divertida Mente é o segundo melhor filme de 2015 até aqui, com sobras para os demais. Vão e confiram, e sejam mais uma vez contagiados pela magia que só a Pixar tem!