Por Nilson Pereira (com colaboração de Rejane Ramos Vieira).
Primeiramente quero frisar que os primeiros registros de ensino de História no Brasil ocorre no século XVII. Conforme este estudo sobre a seguinte iniciativa do padre Antonio Maria Bonucci diz:
''O primeiro compêndio escolar de História utilizado no Brasil. Escrito pelo padre jesuíta, e professor do Colégio Jesuítico da Bahia, António Maria Bonucci (1651-1728) em fins do século XVII, o Epítome Cronológico, Genealógico e Histórico foi impresso no ano de 1706 em Lisboa. Sua publicação vinha atender uma necessidade advinda da implantação de cursos autônomos de História nos Colégios da Companhia de Jesus no Brasil. A junção da história sacra e profana é uma característica presente nesse manual, que se ocupa principalmente em contar a história sacra, a história da Igreja e a história das monarquias modernas.''
Porém, o objetivo deste texto é frisar a origem do ensino de História de forma institucionalizada, como escola.
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Início do ensino de História como disciplina escolar no Brasil :
O ensino de História como
disciplina surgiu na França no século XIX. No século oitocentista, aqui no
Brasil, tem por característica ser inspirado intelectualmente no modelo de
pensamento francês, as questões relacionadas à educação também não fogem a esta
diretriz.
O currículo escolar do
Colégio Pedro II em 1838 foi o primeiro a adotar o ensino de História como
disciplina. Foi caracterizado pela inserção do ensino de estudos históricos no
currículo que abrangia as séries a partir do 6º ano.
O estudo era em manuais
franceses, que além de valorizar a cultura francesa, tornando o ensino ainda
mais elitista, centralizava a História da Europa ocidental como verdadeiro
berço da civilização. Deixava-se de lado
inclusive o ensino da História do Brasil. Dividia-se a disciplina com o ensino
de História Sagrada que possui o mesmo peso que a história da civilização, pois
a meta das duas era a mesma, a de formar cidadãos dentro da moral e dos bons
costumes.
O contexto histórico da
inserção da disciplina de História ocorreu no período que se iniciava a
aplicabilidade da educação laica em paralela com a que até aqui predominava, de
cunho religioso, somente em 1931 haveria a laicidade do ensino nas escolas.
Em 1877 é incluído o ensino
de História do Brasil no currículo do Colégio, a intenção era de constituir uma
ideia de estado laico, ainda que sobre a tutela da Igreja Católica, idealizada
para valorizar o modelo sacro e a figura dos grandes heróis, fatos e datas,
como um apêndice da grande História da Civilização europeia.
No que diz respeito ao
ensino secundário, vale ressaltar que além do Colégio Pedro II, que levava o
nome do imperador conhecido pela imagem
de rei intelectualizado, foi criado Liceus de Ensinos Provinciais baseados no
mesmo modelo, assim o ensino de História era dado por catedráticos do IHGB
(Instituto de Histórico e Geográfico Brasileiro), mantendo a valorização dos
grandes heróis, de guerras, dos reinados e dos aspectos políticos. A partir de
1937 o estudo da História Universal dá lugar ao das Grandes Civilizações (que
abrangia as sociedades orientais, Greco-romanas, africanas, além das ocidentais).
A autora Arllete Medeiros Gasparello, diz em sua obra que
no Colégio Pedro II em sua maioria, os professores eram estrangeiros, nomeados
pelo Imperador, que também ouvia ao Reitor sobre as qualidades dos candidatos: o
professor de História, Calógeras, era grego. Foram, também, inúmeros os
clérigos de origem portuguesa, situação comum na época, como o primeiro reitor,
o erudito Bispo de Anemúria. (GASPARELLO, 2002)
II
- Ensino de História nas Universidades:
Em 1934 na Fundação da
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP (Universidade de São Paulo), foi
instituído o primeiro curso universitário de formação para professores de
História, o que dá fim totalmente ao autodidatismo e marca uma perspectiva de
alcance além das elites, influenciados por cientistas franceses da Escola dos
Annales, cujo maior nome é o do historiador Fernand Braudel, que em 1935 vem
residir no Brasil.
III
- Formação de professores:
Em 1935 foram fundadas
Escolas Normais para a formação de professores, porém, tal iniciativa não deu
certo por falta de quórum de alunos, onde a autora Maria Lúcia Aranha vai
chamar de ‘’retrato do descaso na formação, que mostra o descaso da sociedade
com a educação’’(ARANHA, 2006)
Era costume nomear
funcionários públicos sem concurso, devido à troca de apoio nos laços de
família e dos favores que estimulam a prática de nepotismo e protecionismo.
IV - Referências bibliográficas:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia. 3 ed. São Paulo: Moderna,
2006.
Gasparello, Arlette Medeiros. O Colégio Pedro II e as Humanidades: A invenção do secundário. Rio de Janeiro: ANPED, 2002.
NADAI, Elza. O ensino de história no Brasil:
Trajetória e perspectiva. São
Paulo: revista brasileira de História, set 92/ago 93.