Por Nilson Pereira.
Certa vez, ouvi alguém dizer que ''vivemos em mundo em que as pessoas são usadas e as coisas amadas'', esta frase me tocou bastante, desde a primeira vez que a ouvi, e principalmente ultimamente.
Como todo tipo de bom ensinamento, esta frase não quer dizer apenas o óbvio que contém, quer dizer muito mais.
Em uma conversa com um amigo, eu entendi alguns ensinamentos preciosos que Deus me trouxe, entendi algo que eu julgo ser um dos maiores males da contemporaneidade ocidental hoje: o fato de vivermos em uma sociedade que descarta pessoas.
Hoje, aqueles que deveriam ser referências, intelectuais, artistas, pensadores e até altruístas e cristãos, descartam pessoas sem dó nem piedade.
Por qualquer coisa pessoas se desfazem umas das outras. O lema do planeta é ''não deu certo, parte para outra, se valorize, você é mais importante do que lutar, passar por cima, perdoar várias e vezes e mais do que perdoar, ajudar aquela pessoa de não cair no mesmo erro que tanto fere ou irrita.
Vivemos em uma sociedade sem paciência para nada, onde o culto ao eu ( maior base da doutrina de Satanás, pois este foi o primeiro a cultuar o seu próprio eu) está de tal forma que parece não haver nada que posso freá-lo.
Hoje, se amar e se valorizar virou sinônimo de tirar pessoas de sua vida, afinal, você não pode perder tanto tempo com ninguém, por mais importante que esta pessoa já foi para você, por mais que sua história com ela seja maravilhosa, o importante é você se sentir bem, satisfeito consigo mesmo. Em nome da paz, pois se alguém a tira de você, não importa o que ela signifique, perdeu a validade.
Agora, as coisas não, estas nunca perdem a validade, não importam se está velhas, fedorentas, sujas ou até podres, hoje vale mais guardar as coisas, além do mais se elas te fazem lembrar de alguém, do que guardar pessoas.
Vivemos em uma sociedade onde os cristãos tem o impressinante índice de 80% de divórcios, onde o mundo se preocupa com quantidade, não com qualidade, e que o capital como relação social influência cristãos e não crstãos até mesmo nos relacionamentos humanos, pois se alguém está fora da validade, é hora de trocar, extamente como se faz como uma mercadoria.
Não vale mais a pena lutar até o fim, até a exaustão por manter alguém na nossa vida. Somos todos maravilhosos demais, devemos nos valorizar demais, ter orgulho próprio, brio, tesão por si mesmo, e o que passar disto é humilhação, e dar tudo de si para o outro que não merece.
Sim, temos defeitos, mas não tão feios quanto o do outro. Ninguém nunca vai merecer que possamos lutar até o fim, até se humilhar, até não mais ter forças para mantê-lo na nossa vida, somos bons demais para isto.
Deus? Deus pensa assim também, afinal Ele não nos criou para ''sofrer'' por alguém que não muda, que não se posiciona, que não nada. Deus sabe que não temos estrutura, Deus sabe que não suportamos ter paciência com ninguém, mesmo com quem vive tendo conosco, afinal não somos imaturos, miseráveis demais para lutar por alguém, nem egoístas, somos apenas dotados de amor próprio, somos apenas seres humanos que amamos a nós mesmos.
Sabe seu miserável que está lendo este artigo agora, sabe mesmo o que Deus pensa da sua conduta de amor próprio e que é guiada pelo capital como relação social em relações humanas? Lixo !!!!
Deus se irou, Deus deu tudo de Si, enviou Jonas a Nínive pregar para os assírios, e mesmo com Jonas fazendo tudo errado (igualzinho ao seu pai, amigo, mãe, irmão, conjuge de quem você tanto reclama) Deus não PERDEU A PACIÊNCIA E NUNCA DESISTIU DE JONAS( Jn 1-4).
Deus usou uma baleia, um barco, pessoas, árvores, o Sol, usou de tudo, para fazer Jonas ir pregar para os ninivitas. Ok, você pode vir dizer que Deus fez tudo isto porque queria alcançar os ninivitas, mas não foi apenas por isto. Deus fez isto por Jonas, por mais louco que isto pode parecer.
Jonas era um israleita, povo que foi humilhado e saqueado pelos assírios décadas antes da insistência de Deus com o profeta. A família de Jonas, seus amigos, sua noiva ou esposa, todos podem ter sidos sem dó nem piedade mortas pelos assírios, que são considerados até hoje como um dos povos mais cruéis da História humana historiograficamente falando.
Deus queria que Jonas se relacionasse com quem ele mais odiava, para curá-lo da ferida histórica.
Quero que comente quem tem coragem de dizer que se fosse Deus, também não desistiria de Jonas nunca.
Nenhum de nós teríamos a mesma paciência, o mesmo cuidado, o mesmo amor e investimento que Deus teve para com Jonas com nenhum outro homem, a não ser com nós mesmos.
Ok, afinal estou falando de Deus né? Aquele que é perfeito e Eterno. Então está bem, vamos falar de Davi então?
Davi foi ungido rei por Samuel com 17 anos, desde então sabia de entendimento e sentimento que Deus o escolheu como rei. Sabia que governaria por verdadeiro direito divino (diferente do uso do termo na Idade Moderna).
Desde então, foi duramente perseguido ( se você ler I e II livros de Samuel na Bíblia, entenderá o que quer dizer ''persseguido''), por Saul, atual rei no qual Deus não estava mais satisfeito com seus posicionamentos.
Davi foi persseguido por 23 anos, sem parar, correndo riscos de morte, sofrendo conforme vários Salmos escritos por este nestes momentos relatam. E por duas vezes, Davi teve clara oportunidade de matar Saul, assumir o trono e finalmente ser rei.
Davi era um homem cheio de defeitos, mas não era um homem guiado por ideologia social vigente alguma. Era um homem guiado pelo seu Deus. Respeitou Saul até o fim, até o protegeu, e mais, matou o homem que assassinou o seu algoz, declarando que ninguém poderia matar um escolhido por Deus sem que devesse ter o mesmo destino.
Davi entendeu que, mesmo nossos inimigos são escolhidos por Deus para atuar em nossas vidas.
A interpretação do teólogo Gene Edwars, ao escrever o livro
Perfil de três reis, cita: '' Se Davi não tivesse um Saul em sua vida, ele seria mais um Saul na História humana, e não o
homem segundo o coração de Deus''.
Quer prova? Davi relaxou no alto do seu grande poder e autoridade, e mandou por Urias na linha de frente de uma batalha, para que este falecesse somente para ficar com sua esposa Bateseba. Saul determinava em Deus até onde Davi poderia ir. É como aquela palmada que a mãe dá em uma filho pequeno para que este aprenda os limites da vida. Pior ainda, Davi não enxergava mais quem era, Deus precisou usar o profeta Natá para contar uma parábola a este para entender até onde poderia ir.
Estava errado por tudo, sobretudo por não estar na guerra e sim no palácio de Jerusalém, uma vez que, por toda a Idade Antiga, Idade Média e meados da Idade Moderna era cultural o rei ir a frente das batalhas. Nós vivemos reclamando de desejando ódio e morte por tudo. Seja o cara que cantou sua mulher, seja o professor que você cismou te persseguir, etc.
Para finalizar, quero falar sobre relacionamento afetivo. É no mínimo rídículo, incoerente e desanimador saber que 80% dos cristãos se divorciam hoje, saber que tantos casais de namorados ou noivos que já tiveram a confirmação de Deus se separam tanto porque absorvem a ideologia da sociedade.
Alguns, discurssam que namoro e noivado não são casamentos, alguns discurssam que casamento infeliz não pode ser de Deus, alguns discurssam, nas rodinhas, conversas particulares e até mesmo nos púlpitos. As confirmações de Deus até querem dizer algo sobre a vontade Dele, mas afinal, ele entende se minha noiva me mostrou seus defeitos e se tornou uma chata, se meu namorado era um
gentleman, me mimou muito até eu ficar insuportável e resolveu hoje para o que ele chama de ''para o meu próprio bem'' segurar um pouco tamanha cavalheirismo, ou se o meu marido está cometendo uma série de erros porque eu sou uma chata que resolvi esfriar sentimentalmente depois de casado e intimos, afinal ele tem a obrigação de saber o que eu sinto mesmo se eu resolver só demonstrar quando me der na telha.
Se eu optar por descartar finalmente depois de tanto sofrimento, incompreenssão, este relacionamento, Deus sempre vai me dar outro no lugar. Deus tem uma novidada a sua mente tão influenciada pelo mundinho exageradamente capitalista no qual vivemos: niguém poder ser substituído. Nunca ninguém vai ser seu pai, seu marido, seu amigo, sua esposa, mãe, ou irmã e irmão conforme aqueles que Deus escolheu são. Sabem porque? Vivemos das escolhas de Deus para nossa vida, e não do que nossos corações instáveis sentem.
Deus não é assim. Em Mateus capítulo 19, os fariseus vão ao encontro de Jesus para indagá-lo acerca do divórcio e a lei mosaico-judáica sobre o tema. Jesus deixa claro que, apenas no caso de prostituição ( que em nossa sociedade pode ser traduzido como adultério), e somente por causa da dureza do coração do homem, deixando claro que para Deus, nem mesmo nestes casos, é liberado o divórcio. No versículo 6 do mesmo capítulo, Jesus diz que NADA, nem NINGUÉM pode separar o que Deus uniu. Você pensa mesmo que Deus só une quando duas pessoas chegam ao nível do casamento? Tolo e hipócrita.
O livro de Cantares é quase todo escrito quando Salomão e a sulamita não eram casados ainda, e sim noivos. É o livro que simplesmente, teólogos e nós historiadores julgamos ser ''aquele que expressa melhor o amor conjugal, o carinho e romance sinceros entre um homem e uma mulher'', e de quebra, o que expressa como poucos o amor para Deus. Sua paixão por Israel e de Cristo com a Igreja.
O texto mais lido deste blog, diz sobre um dos maiores momentos para Deus, quando Ele une desde de o namoro um casal, vendo em cada olhar, abraço, beijo, passeio, uma família feita por Ele, que será o Seu maior bem e também Sua maior ferramente para tentar frear a desumanização que sociedade passa na Idade Contemporânea.
Como historiador, eu entendo que descartar pessoas é, primeiro, um espelho cruel e real de uma sociedade doente, inclusive nos relacionamentos. Justificado por milhares de anos na História humana, de Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna, e até início da Idade Contemporânea de amizades e principalmente casamentos (já que trata da base humana, a família) arrumados, impostos, e direcionados devido a interesses por sociedade e pais.
Porém, como cristão, eu entendo que isto tudo soa como justificativa de pessoas mal resolvidas, injustas, inseguras, egoístas, que se utilizam de várias justificativas para demonstrarem o quanto são mesquinhas, hipócritas ( já que ninguém quer ser descartado mas em nome do próprio bem estar, todos descartam), o quanto não entendem nada de Deus, nem de Cristianismo, nem de humanismo, nem de altruísmo, nem de ser ser humano. Por mais nobres que te possam parecer, pense, até onde vai sua paciência se seu amor por alguém? Até aquela pessoa começar a falhar, e te ferir, e não saciar a maldita insegurança que você sente?
Quero dizer a você, caro leitor, que os maiores relacionamentos que já vi, li e ouvi dizer, foram aqueles que sofreram, se feriram (coisas que você não tolelaria nem por uma semana), discurssaram desistência, mas nunca desistiram. Os que investiram até o fim, certamente tiveram a recompensa. Isto é princípio de Deus, imutável.
Assim como as jóias passam por um longo processo que envolve fogo, ferro e demais objetos de refinamento, para que possam sair do estado de pedra bruta de ouro ou de mineirais preciosos, assim também são os relacionamentos humanos.
O relacionamento que você espera, não existe.
O que existe é relacionamentos humanos. Maravilhosos, poderosos, renovadores, alegres, sensuais, apaixonantes, gratifciantes, remediantes, porém, na mesma medida de que são chatos, estúpidos, tristes, rotineiros e desafiadores.
Se relacionar, é o primeiro propósito de Deus para um ser humano. É também, o mais difícil de todos. Relacionamento humano é choque, é atrito, conflito. Se entramos em conflito com nós mesmos, com Deus, do que dirá com outro ser humano?
Será que é mesmo uma questão de se amar descartar pessoas?
Ah claro. Não custa te lembrar que você sempre foi insuportavelmente estúpido e teimoso e mesmo assim Jesus foi até a morte para te salvar.
O Criador te chama a refletir.
Deus te abençoe.